“Chamamos aqui de artesanato tradicional
aquele cuja inserção social no contexto de sua produção se reflete aos modos de
vida de quem os produz. Todo artesanato tem valor cultural, mas apenas alguns
guardam a memória de saberes tradicionais que se perpetuam e se renovam na arte
de fazer. Esses saberes condensam experiências coletivas e demarcam formas de
transmissão do conhecimento técnico e estético.
Desse
modo, pensar o artesanato a partir da sua inserção social nos modos de vida de
quem os produz implica considerá-lo produto e processo. Essa dupla
caracterização nos indica que devemos pensar o produto artesanal não apenas em
sua forma final, mas igualmente como um processo que ultrapassa a mera produção
de mercadorias. Esse processo artesanal tem, no âmbito das relações entre
produto e produtor, uma dimensão social (que se reflete nos modos de vida de
quem os produz); uma dimensão pedagógica (que se materializa nos saberes que se
difundem e no conhecimento integral do saber-fazer); uma dimensão simbólica
(que se externaliza no produto como bem cultural); uma dimensão econômica (que
se concretiza nas trocas, quando o artesanato é alçado à categoria de
mercadoria).
São
os saberes compartilhados que se ajustam no cotidiano e nos costumes, que se
traduzem na preservação inovadora das técnicas e estéticas artesanais.”
FONTE:
Cultura Popular e Artesanato: Dilemas do preservar e consumir – Proença Leite.
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